sábado, 28 de julho de 2012

28 Julho 2012


Terminal em Flor

Olhei o céu, aqui sentado
Nas nuvens viajei, agarrado
a um sonho desejo, e não sei
se estou a dormir, ou acordado.

Eleva-me no ar, encantado
com a magia cintilante, e tu,
tu que por mim olhas, adormecida
Bela e doce candura,
No meu peito respiro-te descansado.

Olho o mar, embalado
Num navegar oscilante
Numa ténue brisa falante
que histórias me canta, me diz
e tranquilo me deixa embriagado. 

Olho o rio que vai pulando
de seixo em seixo, sem embargo
Num toque de xilofone
Numa melodia cintilante
que me deixa de alma sossegado.

E neste inerte corpo debruçado
Olho o hoje, ontem e amanhã
procuro a razão do amargo
de uma vida sofrida, destratada
de uma mente adormecida,
de uma morte anunciada.

Nesta sombra, em harmonia, te aguardo
Do passeio do crepúsculo ou da aurora
Velha carcaça aqui ancorado
Riqueza de histórias e saberes, fina glória.

Deste jardim não saio,
E tu em mim depositas
teus pés de algodão vestidos
Num principio de Junho, finais de Maio.

E assim me elevas para onde
Num abraço de saudade
te posso novamente contemplar
sentir amor de verdade.

Jorge Ortolá

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